sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"Chorei algumas vezes porque a vida me dá pena, e é tão bonita." Caio F.



Ontem choreiPor tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei.


Caio F.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Quando se é necessário ser menos!



Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.



Fernanda Mello 

Eu vou dizendo na seqüência bem clichê: Eu preciso de você...' ♪♫

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso, porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe...
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs,
É preciso o amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha, e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada,
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou,
Estrada eu sou.

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora.

                               Cada um de nós compõe a sua história,
                               E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
                               De ser feliz.

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.

(Almir Sater e Renato Teixeira)



Aprendi a amar essa música por causa das viagens que fazia. Sempre acabava tocando ela nas vans e sempre que se falava em "manhas" eu ria, rs. Ela foi a primeira música que ouvi quando pisei em solo paraibano esse ano, na minha viagem de volta , era como se fosse um sinal, só não sei de que, sou péssima pra essas coisas, rs.

“Embora a vontade seja de agredir todo mundo, dizer meia dúzia de verdades e sair pisando duro. Não vou fazer nenhuma loucura.” Caio F.





Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo, é com ele que contamos: o tempo. Queremos dormir e acordar dez anos depois curados daquela idéia fixa que se instalou no peito, aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas. No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência. O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo, deixá-lo em paz no quartinho dos fundos e abrir espaço na casa para outros acontecimentos.


Martha Medeiros.


.



Hoje eu tive um sonho tão maravilhoso que eu não queria sair da cama nunca mais. Pena que era só sonho. Não sei, se preferiria não sonhar pra não ter que acordar mais triste por ter sido só sonho, ou, se é melhor sonhar pra que pelo menos no sonho, ficar iludida que tudo deu certo. 


Sabe do que eu sinto saudades?
Do seu sorriso de manhã
E do quarto tão desarrumado.. ' ♪♫


Nando Reis

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Eu rabisco o sol que a chuva apagou..' ♪♫

"Ao perder a ti, tu e eu perdemos
Eu porque tu eras o que eu mais amava
E tu, porque eu era a que te amava mais
Contudo, de nós dois, tu perdeste mais do
que eu
Porque eu poderei amar outros como amava
a ti
Mas a ti não te amarão como te amei eu"


(Ernesto Cardenal- Poeta nicaraguense )

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010



Trabalho realizado por Cayo C. Rosa e Vítor B. Hadad.


O Poema


Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Carlos Drummond de Andrade

--

Estava conversando com Shay sobre coisas que andavam acontecendo em nossas vidas e a primeira coisa que me veio na cabeça vou esse poema, rs. Daí, lembrei do vídeo com peças de lego, adoro lego *--*


É platônico..

O meu amor platônico, tem um amor de verdade...


E o meu amor de verdade, tem um amor platônico...

domingo, 26 de dezembro de 2010




Adoro esse vídeo *---*


Ah, ando com uma preguiça descomunal de postar! Caso eu não viaje amanhã, o que eu estou achando difícil, eu posto! :}

sábado, 25 de dezembro de 2010

Se agora tudo que eu mais quero já ficou pra trás...' ♪♫

Ontem, fez um mês..

O primeiro de muitos que virão!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Desejos de mais um fim de ano..




Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver.

Caio Fernando Abreu



Lorelei - Scorpions


Havia um tempo em que velejamos juntos
Uma vez tivemos um sonho que nós compartilhamos no caminho
Havia um lugar onde costumávamos procurar abrigo
Eu nunca soube da dor do preço que eu pagaria


Você me guiou com um manto e um punhal
E eu não sabia que você tinha feito outros planos
Você me fez acreditar que nós fomos feitos para sempre
Eu realmente pensei que meu coração estaria salvo em suas mãos


Lorelei
Meu barco já passou por você
E embora você prometesse me mostrar o caminho
Você me deixou perdido
Você era minha Lorelei
Que tipo de bobo fui eu?
Porque acreditei em cada palavra que você disse?
E agora imagino o porquê

Lorelei
Havia um tempo quando nós abraçávamos um ao outro
Explicitando nossas almas na luz da chama
Aqueles eram os dias,agora eu perdi minhas ilusões
Algums vezes eu acordo de noite e chamo pelo seu nome


Lorelei
Meu barco já passou por você
E embora você prometesse me mostrar o caminho
Você me deixou perdido
Você era minha Lorelei
Que tipo de bobo fui eu?
Porque acreditei em cada palavra que voce disse
E agora imagino o porquê


Lorelei
Agora há uma luz que brilha no rio
Cegando meus olhos de tão longe
Um tiro no coração, mas agora eu sei melhor
O quanto é difícil resistir ao som que você toca


Lorelei


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Apesar de no show do Scorpions infelizmente essa música não ter entrado no repertório, qualquer uma do último cd me lembra o show. Que foi maravilhoso por sinal *-----*. Bem, a letra é perfeita. A música balada do último cd que tocou no show foi Sly, e eu me acabeeeeeeeeiii de chorar, de pular, de cantar, gritar. Quero outro assim. Possivelmente, só o do Iron agora, dependendo de onde estarei. ;)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...

Caio F. Abreu - Vai passar

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Não me permitiram ser a coisa boa que eu era.



Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca, me passa o cigarro, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, não estou bêbada nem louca, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, não se preocupe, depois que você sair tomo banho frio, lente quente com mel de eucalipto e gin-seng, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma? Passa devagar a tua mão na minha cabeça, no meu coração, eu tive tanto amor um dia, pára e pede, preciso tanto, tanto, tanto, bicho, não me permitiram ser a coisa boa que eu era.

Ele, como sempre, falando por mim, Caio F. Abreu

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O mundo pode continuar feio que eu vou continuar sentindo coisas bonitas . Tati Bernardi

Conta pra mim de onde a gente se conhece...? De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava.

Ana Jácomo

__


Eu cheguei a esquecer a sensação maravilhosa de se ter valor. Quase esqueci que coisas minúsculas transformam uma droga de dia em um dia perfeito! Que a gente gasta apenas segundos pra fazer alguém se sentir importante. Que mandar uma mensagem de "Boa noite" ou "Bom dia" não faz ninguém perder os dedos. O quanto é bom, enxergar o que está errado de fato e parar de tentar lutar por uma coisa que não vale à pena. O quanto é bom abrir a porcaria do seu orkut e ter um recado, um vídeo, uma foto só pra te lembrar que existem pessoas que ainda se importam com pessoas. *-*


Nem um segundo


Já tarde pra dizer
O que você nunca quis ouvir
Só agora eu percebi
Você finge se interessar pelas coisas que faço


Eu não posso perder
Nenhum segundo a mais
Esperando por você eu perdi minha paz
Não posso merecer nenhum segundo a mais
Acreditando em você eu perdi minha paz

Não adianta perguntar como estou
Se você nunca ligou pra mim
Dói pensar em tudo o que idealizei
Pra um amor tão falso


Eu não posso perder
Nenhum segundo a mais
Esperando por você eu perdi minha paz
Não posso merecer nenhum segundo a mais
Acreditando em você eu perdi minha paz


Eu perdi minha paz...

Entreguei pra você
O melhor de mim
Jurei te amar ate o fim
Não tinha enxergado quem era você
Me dói saber


Eu não posso perder
Nenhum segundo a mais
Esperando por você eu perdi minha paz
Não posso merecer nenhum segundo a mais
Acreditando em você eu perdi minha paz

Eu perdi minha paz...


Lia/Rick Azevedo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estive pensando .. promessas realmente são sinônimos de traição.

Estava recordando o que fiz à exatamente um ano atrás, nesse mesmo dia e horário.. e quando revirei meus "sagrados escritos" meio que por uma única frase lembrei de TUDO. À exatamente um ano atrás, nesse momento, eu estava no meio de um churrasco, com pessoas que meses antes não tinham significado nenhum pra estarem na minha vida mas, naquele momento, estavam ali porque eram extremamente necessárias. O natal mais uma vez se aproximando e a minha deprê de fim de ano junto com ele. Todo mundo se preparando para as festas de fim de ano e eu procurando uma maneira, um lugar, qualquer coisa, pra ficar longe, de todo mundo! Não entendi ainda o porque das minhas lembranças do fim do ano passado estarem vindo tão forte como estão agora! Eu sonhei ontem, com as 14 ondas que eu pulei na virada do ano, pois é, foram 14, porque eu sou exagerada, eram pra ter sido 7, as 14 foram pra garantir, que o meu pedido e a minha promessa, se realizariam. Que bobagem a minha, já está chegando o fim do ano novamente e eu tenho plena certeza, que o que eu mais quis, o que mais prometi e desejei, não vai acontecer ... simples assim!

Terei que trair uma promessa, porque ao fazê-la, não percebi que o seu cumprimento ou não, não dependia apenas de mim. 

domingo, 12 de dezembro de 2010



Não sei onde foram parar aquelas minhas fantasias adolescentes sobre o amor. Acho que elas foram se despedaçando e indo embora junto com cada uma das pessoas que - perdoem-me pelo clichê piegas - partiram meu coração. E o mais ridículo é que mesmo sabendo que elas não passavam de fantasias adolescentes, no fundo eu ainda espero que alguém apareça e me diga "ei, olha o que eu achei na rua, suas fantasias adolescentes; quer de volta?"

Natalia Klein - Adorável Psicose



Ser "adulto" me parece cada vez mais com o futuro que NUNCA chega!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".


Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986
Jéssica, por favor, deixe de ser estúpida, deixe. Se você não deixar, eu juro que eu vou te matar e dessa vez, eu NÃO errarei na dose! Eu juro.




Mas hoje não dá
Hoje não dá
Vou consertar a minha asa quebrada
E descansar.. ♪♫


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ando percebendo que a coisa mais fácil do mundo, é se apaixonar por uma pessoa diferente todo dia. Difícil mesmo, é se apaixonar todo dia pela mesma pessoa.


Droga!



*Se é tão difícil, porque ainda acontece?!

“O amor é uma máquina do tempo, e todo desejo, é desejo de voltar."



“O amor é uma máquina do tempo, e todo desejo, é desejo de voltar. E encontrar no amor as pessoas de quem gostávamos(...) mas não é só isso, querer voltar ao passado é querer transformar esse passado quantas vezes forem necessárias.”

Texto: Afinal o que querem as mulheres?
Imagem: Morangos Mofados - CFA


Linda, linda, lindaaaaa *----------------*

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Medo



Você tem medo de se apaixonar. 
Medo de sofrer o que não está acostumada. 
Medo de se conhecer e esquecer outra vez. 
Medo de sacrificar a amizade. 
Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. 
Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. 
Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa.
Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. 
Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. 
Não suportar ser olhada com esmero e devoção. 
Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. 
Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. 
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. 
Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. 
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. 
Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. 
Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. 
Medo do imprevisível que foi planejado. 
Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. 
O corpo mais lado da fraqueza. 
Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. 
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. 
Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. 
Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. 
Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. 
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. 
Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. 
Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. 
Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. 
Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. 
Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. 
Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. 
Medo de que ele não precise de você. 
Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. 
Medo do cheiro dos travesseiros. 
Medo do cheiro das roupas. 
Medo do cheiro nos cabelos. 
Medo de não respirar sem recuar. 
Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. 
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. 
Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. 
Medo de não soltar as pernas das pernas dele. 
Medo de soltar as pernas das pernas dele. 
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. 
Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. 
Medo da perfeição que não interessa. 
Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. 
Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. 
Medo de não mastigar a felicidade por respeito. 
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. 
Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. 
Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. 
Medo de faltar as aulas e mentir como foram. 
Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. 
Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

Fabrício Carpinejar